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    A Mobilidade do futuro

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    A Mobilidade do futuro

    O futuro das cidades está inevitavelmente ligado a um novo paradigma para a mobilidade urbana. Em termos gerais, a utilização do automóvel deve diminuir, novas soluções de mobilidade têm de surgir e as novas políticas para a mobilidade têm, simultaneamente, de respeitar os habitantes e a vida quotidiana.

    Atualmente, existem várias vertentes da mobilidade que são consideradas eixos essenciais para uma mobilidade de futuro, destacando-se, entre outros: a mobilidade inteligente, a mobilidade conectada, a mobilidade eletrificada, a mobilidade autónoma, a mobilidade partilhada e a mobilidade mais ativa. O ponto comum é que a Mobilidade do futuro é indissociavelmente sustentável e qualquer proposta de novas formas de mobilidade deve ser sinónimo de tudo isso. A tecnologia é, sem dúvida, o caminho para chegar ao futuro que se deseja e está subjacente a praticamente todos os sistemas de transporte.

    O papel da mobilidade no futuro das cidades

    Todas as cidades no mundo estão a ser confrontados com um conjunto de desafios urgentes, resumidos, em grande parte, pela necessidade básica de “ir de um lado para o outro”. A Descarbonização e a Humanização do Território são os dois conceitos-chave que vão moldar o futuro das cidades, também do ponto de vista da mobilidade.

    Por um lado, é necessário planear e gerir as cidades de forma que sejam diminuídas as emissões de CO2 para a atmosfera e, claramente, a mobilidade assume um papel muito relevante na qualidade do sistema. Por outro lado, a questão da humanização das cidades passa por devolver espaços ao peão, de oferecer boas áreas para as ruas, para as praças, para os parques, para os pontos de encontro, sabendo-se que estes fatores têm influência positiva na qualidade de vida da população.

    De uma forma geral, é necessário substituir e libertar os espaços entre edifícios, que foram ocupados pelas infraestruturas rodoviárias, por zonas para andar a pé e de bicicleta, para corredores de ligação aos transportes públicos, para formas mais inteligentes de mobilidade, mas, acima de tudo, para espaços de vivência onde os elementos verdes ou água dominam (sistemas de corredores verdes ou azuis).

    A forma como as cidades são pensadas, desenhadas e geridas determinará qual o meio de transporte mais utilizado. Se, por um lado, uma maior densidade populacional com menos espaço para estacionamento automóvel leva a um uso maior de soluções de transporte público, o contrário resulta num maior uso do transporte individual. As decisões tomadas hoje vão determinar como a mobilidade irá evoluir no futuro. Têm-se verificado, nos anos mais recentes, uma tendência para a criação de incentivos que levem ao uso do transporte público e de outros serviços partilhados mais atraentes para o utilizador.

    Tendências que vão marcar o futuro das cidades

    Várias projeções apontam que, até 2030, 60% da população mundial viverá nas cidades, acima dos 50% atualmente registados. Nesse mesmo período, é provável que mais de dois mil milhões de pessoas passem a fazer parte da classe média, com a maioria a viver em cidades de mercados emergentes. A extensão de transformação na mobilidade será diferente de cidade para cidade, tendo em conta fatores como a densidade populacional e estado dos sistemas de transporte público implementados.

    No que diz respeito aos carros de uso privado, existem quatro grandes tendências que estão a convergir: a conetividade no veículo, a eletrificação, o car sharing e a condução autónoma. Estas são soluções entusiasmantes, mas que dependem do nível de implementação e penetração nas cidades, não resolvendo, por si só, as questões ambientais e de congestionamento, podendo mesmo acentuar os problemas existentes.

    O transporte público tem recebido inúmeros investimentos, nomeadamente na eletrificação dos veículos, aumento da rede e acessibilidade à mesma. Em Portugal, através do Programa de Apoio à Redução do Tarifário dos Transportes Públicos (PART), nas Área Metropolitana do Porto (AMP) e de Lisboa (AML) foram implementadas medidas como a simplificação do tarifário e a criação de um passe único nos transportes públicos nos 17 e 18 concelhos que compõe, respetivamente, a AMP e AML.

    O novo passe único custa no máximo 40 euros mensais por utente e permite viajar em todos os operadores de transportes públicos na AML (Passe Navegante Metropolitano) e na AMP (Passe Andante Metropolitano). Para além desta mudança, passam a existir os passes municipais para os concelhos que integram a AML e a AMP, com o custo de 30 euros mensais para viagens dentro do concelho escolhido. Os passes familiares são também uma novidade na AML com o custo máximo de 80 euros, as tarifas socias e de estudante foram também alvo de redução no tarifário.

    Esta tendência não se restringe à melhoria das infraestruturas e expansão física, mas também à digitalização, utilização de open data e civic technologies e novos modelos on demand e partilhados. A Mobilidade como Serviço (MaaS) permite aos utilizadores terem acesso a aplicativos móveis que permitirão reservar e pagar qualquer viagem de transportes públicos, táxi, aluguer de automóveis, bike-sharing, ride-sharing e car sharing. A regulação destas novas soluções tem também de evoluir, pois é evidente que existem desafios regulatórios a resolver, especialmente quando vemos a concorrência destas novas soluções aos negócios mais tradicionais.

    A Mobilidade urbana tem também de ser sinónimo de habitabilidade urbana. Walking e Cycling são formas de mobilidade ativa em que existe uma redução significativa do consumo de energia, um impacte negativo menor sobre o território e diversos benefícios relevantes ao nível da saúde. O desafio está em criar condições e adaptar as cidades novamente a estes modelos. Desta forma, os esforços devem ser direcionados no sentido de reduzir e restringir o acesso dos carros particulares às cidades (ou partes delas) garantindo ruas mais atraentes com redes pedonais e cicláveis mais seguras e abrangentes.

    A cidade de Lisboa tem apostado na mobilidade mais ativa e já conta com 60 quilómetros de ciclovias e com um serviço de bicicletas partilhas (GIRA). Existem bicicletas clássicas e elétricas a preços muito acessíveis que vão desde o passe anual de 25 euros ao passe diário de 2 euros. Desde 2000, o município de Aveiro disponibiliza um sistema de bike-sharing a custo zero, a BUGA – Bicicleta de Utilização Gratuita de Aveiro. Para usufruir deste meio de transporte mais ecológico é apenas necessário se deslocar à loja BUGA do Mercado Manuel Firmino e levar uma das 300 bicicletas disponíveis.

    Outro ponto essencial é a logística urbana que gera um significativo número de deslocações, particularmente destinadas à distribuição final de cargas de pequeno porte. Esta realidade compreende muitos veículos, inúmeras viagens e quilómetros percorridos com impactes negativos sobre o ambiente urbano e a qualidade de vida dos cidadãos. Acresce ainda que estes procedimentos de carga e descarga são realizados a partir do estacionamento indevido, frequentemente em cima dos passeios ou em segunda fila, o que prejudica a circulação de outros modos de transporte e o uso do espaço público para distintas funções. Por outro lado, o aumento do comércio eletrónico tem contribuído de forma muito relevante para o aumento da pressão sobre as cidades. Algumas soluções como bicicletas de carga (cargo bikes e eletric cargo bikes) e esquemas colaborativos de logística (shared mobility for freight e crowdshipping) já estão a ser colocados em prática.

    Os CTT são pioneiros na incorporação de veículos elétricos na sua frota automóvel que conta atualmente com 321 veículos alternativos, conferindo-lhe a distinção da maior frota alternativa do País no setor dos transportes e da logística. Em simultâneo, os CTT estão a efetuar um conjunto alargado de testes com veículos elétricos, nomeadamente ligeiros de mercadorias, ‘scooters’ e triciclos. Outro exemplo é o da transportadora DHL que está a ser pioneira da logística ecológica oferecendo aos seus clientes um “Portfólio de Logística Verde” com soluções para uma cadeia de fornecimento mais ecológica, tais como: o DHL Green Danmar que utiliza um frete marítimo que é 5% mais eficiente em termos de carbono do que a média da indústria, o DHL Warehousing com armazenamento ecológico e opção de partilha de armazéns e o DHL Managed Transport com tecnologias de transporte inovadoras e combustíveis alternativos.

    Conceitos emergentes: Cidades de 15 minutos

    A distância que vai de casa ao trabalho, à escola, ao supermercado, ginásio ou café explica o tempo passado todos os dias em deslocações, na maioria das vezes feitas em transporte individual. Qual a razão que leva as pessoas a passar o equivalente a um dia de trabalho por semana em deslocações? A resposta está no facto de termos cidades onde existe uma separação espacial das funções: escolhe-se viver numa zona, trabalha-se noutra e algures entre as duas adquirem-se os bens essenciais. Se tudo o que é essencial estivesse a uma distância de 15 minutos a pé ou de bicicleta, ganhava-se tempo e sustentabilidade.

    Assim nasceu o conceito urbano de “Cidade de 15 minutos” que não é propriamente novo, mas ganhou uma nova roupagem em 2020, como consequência da pandemia e pela experiência do confinamento.

    Segundo Carlos Moreno, criador deste modelo, urbanista, investigador e professor da Universidade de Sorbonne, uma cidade de 15 minutos “tem de garantir aos moradores acesso a supermercados, mercearias, cuidados de saúde, educação e espaços verdes a curta distância”. Assim como o mercado de habitação deve ser suficientemente flexível para que as pessoas consigam viver perto do local onde trabalham ou, então, deve existir uma aposta no teletrabalho.

    As cidades têm de deixar de ser monofuncionais e passar a ser multifuncionais, oferecendo mais serviços a distâncias menores. A primeira cidade a adotar a “cidade de 15 minutos” (“ville de quarte d’heure”) foi Paris.

    O que é uma cidade de futuro? Quais as tendências que vão marcar o futuro das cidades? Como será a mobilidade do futuro (ou como desejamos que seja)? Que cidades vão liderar esta revolução na mobilidade? E quando é esse futuro? Como em tudo, esta é uma transformação que não acontecerá em todas as cidades ao mesmo tempo. Uma certeza existe: as necessidades de mobilidade das pessoas vão ser cada vez maiores, criando uma pressão cada vez maior às infraestruturas urbanas existentes e aos seus utilizadores, sendo urgente encontrar soluções que permitam o desenvolvimento urbano sustentável.

    Fontes:

    Banza, M. (2021). Cidade de 15 minutos. URL: https://lisboa—cidade-de-15-minutos.webnode.pt/, acedido em setembro de 2021

    Centro de Portugal (2021). BUGAs – Bicicletas Gratuitas de Aveiro. URL: https://www.centerofportugal.com/pt/poi/bugas-bicicletas-gratuitas-de-aveiro/, acedido em setembro de 2021

    CTT (2021). Sustentabilidade: Propostas e iniciativas. URL: https://www.ctt.pt/grupo-ctt/sustentabilidade/projetos-e-iniciativas/frota-ecologica-ctt?language_id=1, acedido em setembro de 2021

    DHL (2021a). Os Nossos Compromissos com a Sustentabilidade. URL: https://www.dhl.com/pt-pt/home/sobre-nos/sustentabilidade.html, acedido em setembro de 2021

    DHL (2021b). Green Logistics. https://www.dhl.com/global-en/home/logistics-solutions/green-logistics.html, acedido em setembro de 2021

    Dinheiro Vivo (2020). A ferramenta ideal para descarbonizar as nossas cidades. URL: https://www.dinheirovivo.pt/opiniao/a-ferramenta-ideal-para-descarbonizar-as-nossas-cidades-12687398.html, acedido em setembro de 2021

    Emel (2021). GIRA – Bicicletas de Lisboa. URL: https://www.gira-bicicletasdelisboa.pt/passes-e-tarifarios/, acedido em setembro de 2021

    Fleet Magazine (2019). A mobilidade como um serviço. URL: https://fleetmagazine.pt/2019/04/09/mobilidade-como-servico-maas/, acedido em setembro de 2021

    Fonseca, F.; Conticelli, E.; Papageorgiou, G.; Ribeiro, P.; Jabbari, M.; Tondelli, S.; Ramos, R. (2021). Levels and Characteristics of Utilitarian Walking in the Central Areas of the Cities of Bologna and Porto. Sustainability 2021, 13, 3064. https://doi.org/ 10.3390/su13063064

    Jornal de Negócios (2020). A cidade dos 15 minutos e o desafio do bem-estar. URL: https://www.jornaldenegocios.pt/sustentabilidade/smart-cities/detalhe/a-cidade-dos-15-minutos-e-o-desafio-do-bem-estar, acedido em setembro de 2021

    Jornal Económico (2020). Será a cidade do futuro humanizada. URL: https://jornaleconomico.sapo.pt/noticias/sera-a-cidade-do-futuro-humanizada-639462, acedido em setembro de 2021

    Manzolli, J.A.; Oliveira, A.; Neto, M.d.C. (2021). Evaluating Walkability through a Multi-Criteria Decision Analysis Approach: A Lisbon Case Study. Sustainability 2021, 13, 1450. https://doi.org/10.3390/su13031450

    Marques. R. P. (2019). Humanização das cidades: reinventar o território urbano da Covilhã. Lisboa: FA, 2019. Dissertação de Mestrado.

    Mckinsey & Company (2019). The future of mobility is at our doorstep. URL:https://www.mckinsey.com/industries/automotive-and-assembly/our-insights/the-future-of-mobility-is-at-our-doorstep, acedido em setembro de 2021

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    Mensagem (2021). Carlos Moreno e a cidade de 15 minutos. URL: https://amensagem.pt/2021/05/08/carlos-moreno-cidade-15-minutos-entrevista/, acedido em setembro de 2021

    Público (2021). A mobilidade do futuro terá de ser sustentável e feita à medida. URL: https://www.publico.pt/2021/06/08/local/noticia/mobilidade-futuro-tera-sustentavel-medida-1965613, acedido em setembro de 2021

    Publico (2021). Cidades de 15 minutos: daqui a quanto tempo?. URL: https://www.publico.pt/aovivo/detalhe/cidades-15-minutos-daqui-tempo-223, acedido em setembro de 2021