Educação Ambiental para Adultos
O desenvolvimento científico, tecnológico e industrial aumenta progressivamente a pressão sobre o meio ambiente e conduz a problemas já conhecidos por todos, tais como alterações climáticas, aquecimento global, poluição, perda de biodiversidade, desequilíbrio dos ecossistemas e tantos outros.
Falar de temas relacionados com o meio ambiente pode ser um “bicho de sete cabeças” e, por vezes, um tanto ao quanto desencorajador. Vivemos no mundo onde há informações, factos e dados para quase tudo, mas que de pouco servem se não reconhecermos que os factos são sempre interpretáveis e que podem não chegar da melhor forma a todos, podendo existir várias opiniões baseadas no mesmo facto.
Educação Ambiental para Todos
Numa sociedade em estado de alerta no que respeita aos efeitos visíveis das Alterações Climáticas, torna-se crucial promover a literacia ambiental desde cedo, com a certeza de que esta é uma via para acelerar o desenvolvimento na procura de soluções comuns.
A Educação Ambiental de jovens e adultos pode ser uma valiosa ferramenta através da qual é possível adquirir conceitos, identificar problemas ambientais, procurar soluções para mitigar esses problemas, promover hábitos e comportamentos mais ecológicos, etc. Deve promover mudanças na qualidade de vida e maior consciência da conduta pessoal, assim como harmonia entre os seres humanos e destes com outras formas de vida.
Assim como a educação, o Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global, em inglês Treaty on Environmental Education for Sustainable Societies and Global Responsibilty, é um documento dinâmico e em permanente construção que propicia a reflexão, o debate e a sua própria modificação.
Este Tratado conta com 16 Princípios, dos quais se destaca que a Educação Ambiental:
- É um direito de todos, somos todos aprendizes e educadores;
- Deve ter como base o pensamento crítico e inovador, em qualquer espaço temporal ou físico, no contexto formal, não formal e informal, promovendo a transformação e a construção da sociedade;
- É individual e coletiva e tem o propósito de formar cidadãos com consciência local e mundial;
- Deve envolver uma perspetiva holística, focar a relação entre o ser humano, a natureza e o universo de forma interdisciplinar.
- Deve estimular a solidariedade, a igualdade e o respeito dos direitos humanos;
- Valoriza as diferentes formas de conhecimento. Este é diversificado, acumulado e produzido socialmente, não devendo ser monopolizado;
- Deve ser planeada com o objetivo de capacitar as pessoas a trabalharem de forma justa e humana;
- Deve promover a cooperação e o diálogo entre indivíduos e instituições, com a finalidade de criar novas formas de viver que considerem as necessidades básicas de todos, sem distinções étnicas, físicas, de género, idade, religião ou de classe social;
- Requer a democratização dos meios de comunicação e o seu compromisso com os interesses de todos os setores da sociedade. Os meios de comunicação devem ser canais privilegiados de educação, não apenas com a disseminação de informações de bases igualitárias, mas também promovendo a troca de experiências, métodos e valores.
A Educação Ambiental para uma sustentabilidade equitativa é um processo de aprendizagem permanente, baseado no respeito a todas as formas de vida, que contribui para a transformação humana e social, para a preservação ecológica, para a formação de sociedades socialmente justas e ecologicamente equilibradas, que conservam entre si uma relação de interdependência e diversidade. Este processo requer de aprendizagem requer uma responsabilidade individual e coletiva a nível local, nacional e planetário.
Educação, empatia e justiça climática
A justiça climática, assim como os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, reconhece a necessidade de responsabilização mútua, ação coletiva e de ter consideração, numa perspetiva de equidade, o impacte muitas vezes desproporcionado das alterações climáticas nos cidadãos e nas comunidades das economias desenvolvidas e em desenvolvimento.
O conceito de “justiça climática” enquadra as alterações climáticas enquanto uma questão política e ética e não apenas como uma questão estritamente ambiental. O conceito é, regra geral, encarado num “contexto global de interdependência espacial e temporal, centrado nas responsabilidades dos países cuja prosperidade se baseou na exploração dos recursos naturais e reconhece que os grupos mais vulneráveis e mais pobres da sociedade são, não raras exceções, as principais vítimas dos efeitos das alterações climáticas, apesar de esses grupos sociais serem os menos responsáveis pelas emissões que conduziram à crise climática”
A defesa por uma justiça climática deve afastar-se da suposição genérica de que a população não tem quaisquer conhecimentos ou interesses nas questões ambientais, ou, pior ainda, que estes devam ser envergonhados ou diminuídos por terem menos conhecimento sobre determinados temas.
Os modelos de déficit de informação ou de conhecimento (deficit educational models), frequentemente utilizados na Educação Ambiental, baseiam-se no aumento do conhecimento ou preenchimento de lacunas de conhecimento como a principal via para atingir a mudança, alterar os hábitos e comportamentos. Este fluxo de conhecimento top-down cria uma hierarquia entre o especialista (detentor do conhecimento) e o público, aborda unilateralmente grupos sociais, muitas vezes com origens socioculturais diversas, e pode intensificar a polarização e a hostilidade ao invés de promover a procura de soluções comuns e justas.
A educação para a empatia e com empatia é apontada por Pat Dolan, presidente da UNESCO Children, Youth, and Civic Engagement, como o caminho a seguir na Educação Ambiental. Trata-se de valorizar, respeitar, compreender a visão de outra pessoa e procurar o consenso mais do que um acordo completo, isto é, procurar e encontrar pontos de interseção comuns, que favoreçam o diálogo sobre estas temáticas. As abordagens empáticas para a justiça climática podem levar a uma maior alteração social, bem como a uma sociedade mais conectada e um mundo mais justo e sustentável.
Por fim, deixamos algumas fontes de informação que englobam temas relevantes da sustentabilidade e que podem ajudar a compreender e acompanhar os avanços e retrocessos das alterações no planeta e, consequentemente, na sociedade.
- Nature Climate Change (https://www.nature.com/nclimate/);
- Our World in Data (https://ourworldindata.org/);
- NASA Global Climate Change and Global Warming (https://climate.nasa.gov/);
- “Ask NASA” Climate Blog (https://climate.nasa.gov/blog/);
- Intergovernmental Panel on Climate Change (https://www.ipcc.ch/);
- World Health Organization (https://www.who.int/) e World Meteorological Organization (https://public.wmo.int/en);
- Strategic Intelligence – World Economic Forum (https://intelligence.weforum.org/);
- Climate Adapt (https://climate-adapt.eea.europa.eu/)
- Climate Change Knowledge Portal – World Bank (https://climateknowledgeportal.worldbank.org/).
Um mundo mais sustentável e justo dependerá sempre do equilíbrio, do diálogo, do respeito, da tolerância e da empatia.
Fontes:
Comité Económico e Social Europeu (2017). Justiça climática. NAT/712: Parecer da iniciativa
Dentith, Audrey M.; Burke, Emily Kearns; Conmy, Kris; Frimpong, Daniel K.; Nadeau, Barbara; Sanders,Elizabeth; Saunders, Jennifer; Winfrey, Nancy; and Herchel, Sarah (2014). “Adult Environmental Education and the Cultural Commons: A Study of Community Practices for a Just and Sustainable World”. Adult Education Research Conference. https://newprairiepress.org/aerc/2014/symposia/1
DVV International (s.d.) Education for Everyone: Environmental Education for Young People and Adults. Consultado em outubro de 2021. URL: https://www.dvv-international.de/en/adult-education-and-development/editions/aed-762011/environmental-education/reaja-environmental-education-for-young-people-and-adults
European Association for the Education of Adults (s.d.). Why Adult Education? – Sustainability. Consultado em outubro de 2021. URL: https://eaea.org/why-adult-education-2/sustainability/
Ndulor, C., et al. (2019). Environmental Adult Education (EAE) as a tool for promoting environmental stewardship practices in Nigeria. British Journal of Education Vol.7, No.7, pp.111-120. Published by European Centre for Research Training and Development UK (www.eajournal.org)