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    Entrevista a Alexandre Garrido, Diretor da Sextante Consultoria e da SXT Consultoria Internacional

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    Entrevista a Alexandre Garrido, Diretor da Sextante Consultoria e da SXT Consultoria Internacional

    Alexandre Garrido é Diretor da Sextante Consultoria e da SXT Consultoria Internacional. Coordenador do grupo de trabalho na ISO de Turismo Sustentável (ISO/TC228/WG 13) e Coordenador da Comissão de estudos da ABNT de Turismo Sustentável.

    Especialista internacional em sustentabilidade, riscos, normalização, certificação e gestão empresarial. Com mais de 25 anos de experiência, concepção e implementação de esquemas de certificação e normalização sobre sustentabilidade para hotéis, operadoras de turismo, empresas de turismo de aventura e destinos turísticos.

    Autor de Blog sobre Turismo Sustentável que pode aceder aqui

     

    1. Embora mais lentamente do que gostaríamos, o mundo está a mudar, as consequências das alterações climáticas têm vindo a ser sentidas de forma cada vez mais global, e os consumidores estão cada vez mais atentos e exigentes no que à sustentabilidade diz respeito. Também no turismo esta procura se reflete e a sustentabilidade é um conceito cada mais presente no sector. Quais os passos que os operadores turísticos devem dar para responder a este mercado emergente?

    Eu acredito que o tema sustentabilidade no segmento do turismo, que era uma tendência há 25 anos, passou por um processo de amadurecimento, ganhando relevância e hoje se tornando algo central e fundamental para todo o mercado. Desta forma, é imperativo que os operadores turísticos incorporem nas suas estratégias e operações a sustentabilidade. Os passos a serem adotados dependem logicamente da maturidade de cada operador turístico, mas de uma forma geral, pode-se iniciar com a identificação dos aspetos e impactos da sustentabilidade e, a partir disto, construir uma estratégia para diminuir os impactos negativos e aumentar os positivos. Tal, estratégia deve ser composta de uma visão comum, de um conjunto de objetivos a serem conquistados, com um plano de ação bem definido e indicadores para acompanhar o desempenho das medidas tomadas.

     

    2. Deve o sector do turismo ter uma maior preocupação e responsabilidade para minimizar os impactes negativos da sua atividade? De que forma o turismo pode contribuir para o alcance dos 17 ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) estabelecidos em 2015?

    Sim, minimizar os impactos negativos relacionados as atividades do operador turístico é algo como: “fazer a sua parte” ou “dar a sua contribuição” ou ainda, “assumir a responsabilidade”. Neste sentido é importante que se conheça os aspetos e impactos da sustentabilidade, conectando-os com os ODS. Assim, ao se avançar nas medidas de eliminação, redução ou compensação dos impactos ficará evidente a contribuição do operador turístico com os ODS.

    Aproveito para indicar a consulta à norma ISO 23405 – Sustainable tourism – Principles, vocabulary and model. Neste documento estão descritos os 9 princípios de turismo sustentável, os quais são mais diretos para as atividades de turismo e estão linkados com os ODS. Esta pode ser um excelente referência para os operadores turísticos.

     

    3. Uma das grandes preocupações do turismo sustentável é o turismo de massas e o seu impacte negativo nos ecossistemas e apropriação dos benefícios no que respeita à sua partição entre as populações locais e os operadores turísticos. Como acelerar para um turismo mais sustentável?

    É importante ter a visão clara que toda atividade económica carrega naturalmente impactos e que a quantidade de vezes que a atividade é executada ou o volume de pessoas envolvidas, influenciam o tamanho deste impacto. Assim, qualquer atividade turística terá mais impacto negativo em função da sua intensidade. A solução aqui é a busca do equilíbrio, ou seja, executar as atividades até um limite aceitável. Isto, precisa ser organizado de forma coletiva, idealmente por uma instância de governança que estabeleça acordos entre as partes interessadas.

     

    4. Pode o turismo em Áreas Protegidas ser um instrumento de conservação do património cultural e de desenvolvimento socioeconómico das comunidades locais? De que forma?

    Evidentemente que sim. O turismo tem esta força de proteção e conservação, porque ele se alimenta exatamente disto, ou seja, as pessoas viajam para ter experiências, visitar ambientes naturais, atrativos históricos, patrimónios culturais e conhecer a cultura, etc. Quando o turismo ocorre, ele está valorizando todos estes ativos, dando mais sentido ainda, além daqueles naturalmente existentes. Por isso, que o turismo sustentável é o único caminho a seguir, valorizando o que existe, mas com o menor impacto negativo possível.

     

    5. A norma ISO 21401 – Sistema de Gestão da Sustentabilidade para Hotéis, que esperamos ver aplicada em Portugal em breve, pretende estabelecer as linhas orientadoras para o desenvolvimento do turismo sustentável. Quais as principais vantagens da sua implementação?

    Esta norma traz um modelo de gestão para os alojamentos com foco na sustentabilidade, sendo composta de 2 grandes partes, a primeira (capítulos de 4 à 10) descreve o sistema de gestão da sustentabilidade e a segunda composta pelos anexos A, B e C indica quais são os aspetos a serem gerenciados pelo alojamento para ser sustentável.

    A norma ISO 21401 permite ao alojamento organizar suas atividades, práticas de sustentabilidade e principalmente trazer a sustentabilidade para a gestão do negócio pautando as decisões tomadas. Não obstante, a adoção da norma permiti realizar uma comunicação mais concreta com o mercado turístico por meio de declarações que a cumpre ou por certificação que atesta este cumprimento, melhorando assim a imagem do alojamento e demonstrando para todos que a sustentabilidade está integrada no negócio.