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    Eventos sustentáveis

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    Eventos sustentáveis

    Como vimos no último post, a sustentabilidade deve ser uma condição no planeamento dos mais diversos tipos de eventos, independentemente do seu público-alvo e dimensão. Sejam os eventos para a comunidade local, conferências científicas, seminários, reuniões de negócios, festivais de música, exposições, eventos desportivos, ou outros, a sua sustentabilidade deve ser considerada.

    É indiscutível que os eventos geram impactes ambientais e que esses impactes variam com o tipo, dimensão, intensidade e até mesmo com a localização do evento. Os consumos de água, energia e os materiais utilizados resultam sempre (e inevitavelmente) em resíduos e em emissões de gases com efeitos de estufa. Por outro lado, a indústria dos eventos tem impactes económicos e sociais, que podem ser positivos e relevantes, nomeadamente através da dinamização do comércio e serviços nas áreas envolventes ao local do evento e, caso se considere a contratação de fornecedores locais e trabalhadores / staff da comunidade onde o evento se realiza, verificar-se-á também um acréscimo na geração de renda, o que se constitui como um impacte positivo.

    Sistema de Gestão para a Sustentabilidade de Eventos

    Em 2012, a ISO (International Organization for Standardization) publicou a norma ISO 20121:2012 – Sistema de Gestão para a Sustentabilidade de Eventos. De uma forma geral, esta ferramenta de gestão permite o planeamento e realização de eventos que tenham em conta os três pilares da sustentabilidade: económico, ambiental e social.

    Esta norma é aplicável a organizações, de todas as tipologias e dimensões, envolvidas nos projetos e execução de eventos e comtempla diferentes condições geográficas, culturais e sociais. A estrutura da ISO 20121 permite identificar, reduzir e eliminar os impactes potencialmente negativos de eventos, assim como maximizar os impactes positivos, através de um planeamento mais eficaz e processos alinhados com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Este modelo de gestão tem como base os modelos já mundialmente conhecidos e reconhecidos da ISO 9001 e ISO 14001.

    A ISO 20121:2012 apresenta um foco na identificação das partes interessadas, das respetivas necessidade e expectativas. A identificação das partes interessadas deve, quando aplicável, contemplar o organizador do evento, o proprietário do evento, a força de trabalho, a cadeia produtiva, os participantes, o público, os órgãos reguladores e a comunidade envolvente, entre outros.

    Os principais benefícios da implementação e posterior certificação de um sistema de gestão de acordo com a ISO 20121 são:

    Organização

    • A diminuição de custos associada à redução dos consumos de energia e água;
    • Reforço de parcerias entre a organização do evento e organizações comunitárias, para que estas reutilizem e/ou reaproveitem excedentes, materiais do evento que, de outra forma, não seriam reutilizados;
    • Reforço da marca, resultando num alinhamento mais efetivo com os valores da sustentabilidade, uma das tendências do branding.

    Comunidade Local

    • Dinamização e desenvolvimento da economia local, através da aplicação de uma política de compras que privilegia a aquisição de produtos ou contratação de serviços locais;
    • Aquisição de novas competências, como resultado de ações de formação ou sensibilização promovidas pelo organizador ou patrocinador do evento na comunidade onde este decorre;
    • Promoção da empregabilidade junto da população local;
    • Melhoria da qualidade de vida na comunidade local;
    • Desenvolvimento do turismo local. Com a promoção de um roteiro “onde ficar”, como forma de divulgar a oferta hoteleira (gerando receitas locais, contribuindo para a diminuição de viagens e, consequentemente, de emissões atmosféricas).

    Público

    • Níveis de bem-estar mais elevados;
    • Um posicionamento inovador do evento, abrindo ao público a possibilidade de participar e contribuir para a realização de um evento sustentável;
    • Maior conservação dos recursos água e energia;
    • Redução da pegada de carbono;
    • Redução de resíduos e encaminhamento adequado dos mesmos.

    Ambiente

    • Menor utilização de recursos naturais;
    • Maior conservação dos recursos;
    • Promoção de uma melhor qualidade do ar promovendo, por exemplo, um adequado plano de mobilidade para todos os participantes do evento.

    Existem já diversos exemplos de melhores práticas e guias de orientação com vista à definição e implementação de práticas de sustentabilidade em eventos, em todo o seu ciclo de vida, que demonstram a mais-valia desta abordagem. Em 2014, o Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável (BCSD Portugal) lançou o “Guia para Eventos Sustentáveis, uma publicação com cerca de 60 páginas, pensada para esclarecer as dúvidas de organizadores, promotores e patrocinadores de eventos.

    O festival Rock in Rio foi pioneiro na obtenção da certificação ISO 20121. Em cada ano deste festival são avaliadas 15 questões-chave na gestão da sustentabilidade do evento, entre as quais estão as acessibilidades, comunicação e envolvimento da comunidade, compras sustentáveis, resíduos ou transportes e logística. Para cada edição, o festival estabelece uma estratégia de sustentabilidade, com objetivos específicos e ações para os concretizar, em áreas como os consumíveis, energia, água, estruturas, catering, alojamento, resíduos, mobilidade, comunicação (incluindo merchandising e brindes) e modelo de governança

    Em Portugal, a grande dificuldade permanece ainda na contabilização dos impactes ambientais decorrentes dos eventos, sendo essa informação ainda relativamente escassa. Os dados existentes são disseminados sobretudo pelos promotores, não sendo conhecida uma estatística ou modelo de previsão nacional associado a eventos desta natureza.

    O “Programa Sê-lo Verde” é uma iniciativa do Fundo Ambiental que tem em vista incentiva a adoção de boas-práticas ambientais, inovadoras e com impacte ambiental, social e económico nos grandes eventos, através do financiamento de medidas verdes a adotar nesses eventos, tendo como principais objetivos gerais:

    1. Incentivar a adoção de critérios ambientais que contribuam para uma redução de impactes e eficiência no uso de recursos materiais e energéticos;
    2. Incentivar a adoção de abordagens inovadoras para um uso eficiente e produtivo dos recursos neste contexto;
    3. Contribuir para a educação e sensibilização ambiental dos grupos de interesse envolvidos – promotores, marcas, municípios, espectadores e comércio local;
    4. Valorização e promoção da vertente ambiental do evento, junto do público nacional e internacional, pelos promotores, marcas e instituições associadas.

    Que o tão aguardado regresso à normalidade e aos eventos de grandes dimensões permita continuar a construir o caminho para a sustentabilidade dos eventos em Portugal.

    Fontes:

    APCER (2012). Sistema de Gestão para a Sustentabilidade de Eventos – ISO 20121:2012. J. Environ. Disponível em https://apcergroup.com/pt/newsroom/335/publicado-em-artigos-apcer-inshare-sistema-de-gestao-para-a-sustentabilidade-de-eventos-iso-20121-2012-sistema-de-gestao-para-a-sustentabilidade-de-eventos-iso-20121-2012, consultado em agosto de 2021.

    SGS (s.d.). ISO 20121 – Eventos Sustentáveis. Disponível em https://www.sgs.pt/pt-pt/sustainability/management-and-compliance/organization-and-events/iso-20121-sustainable-events, consultado em agosto de 2021.

    BCSD Portugal (2012). Guia para eventos sustentáveis. Disponível em http://www.bcsdportugal.org/wp-content/uploads/2013/10/Guia-para-Eventos-Sustentaveis.pdf, consultado em agosto de 2021.

    Fundo Ambiental (2017). Guia Sê-lo Verde: O Ambiente aprova, A Natureza aplaude. Disponível em https://www.fundoambiental.pt/ficheiros/guia-se-lo-verde-pdf.aspx, consultado em agosto de 2021

    Fundo Ambiental (2020). Programa Sê-lo Verde 2020. Disponível https://www.fundoambiental.pt/avisos-20201/capacitacao-e-sensibilizacao-ambiental/programa-se-lo-verde-2019.aspx, consultado em agosto de 2021