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    O buraco na camada de ozono está a fechar!

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    O buraco na camada de ozono está a fechar!

    Começamos o ano com boas notícias: o buraco na camada do ozono está a fechar. Daqui a cerca de 40 anos pode voltar ao “normal”.

    A camada do ozono

    O ozono (O3) que existe na atmosfera localiza-se maioritariamente (90%) na estratosfera – camada da atmosfera entre os 12 e os 50 km acima da superfície terrestre – observando-se as maiores concentrações a altitudes aproximadamente entre os 15 e os 35 km de altitude, constituindo a “Camada de Ozono“.

    A Camada de Ozono é fundamental para assegurar a vida na Terra, uma vez que este ozono estratosférico absorve grande parte da radiação ultravioleta nociva B e C (UV-B e UV-C), componentes da radiação solar com efeitos nocivos, que podem mesmo ser letais, nos seres vivos e que por isso ameaçam a saúde humana e o ambiente.

    A adoção da Convenção de Viena para a Proteção da Camada de Ozono, sob a égide das Nações Unidas através do seu Programa para o Ambiente (UNEP) levou, em 1985, um conjunto de 28 nações a comprometer-se a proteger a saúde humana e o ambiente dos danos causados pela destruição da camada de ozono. Mais tarde, e, 1987, é adotado um acordo internacional estabelecido pelo Protocolo de Montreal, contem uma lista de substâncias quimicamente responsáveis pela degradação química do ozono e, consequentemente, pela sua destruição. Os mais conhecidos são os clorofluorcarbonetos (CFCs), que durante décadas usados foram usados nos sprays e nos eletrodomésticos. A sua produção foi banida a nível mundial, mas ainda existem reservas no ambiente e na atmosfera.

    Saiba mais sobre a Camada de Ozono através da infografia da APA aqui.

    Inversão da tendência

    A inversão dos danos causados na camada protetora da Terra é um dos grandes sucessos ambientais modernos, refletindo a eficácia dos acordos internacionais para eliminar gradualmente substâncias químicas prejudiciais, anunciou esta segunda-feira, 9 de janeiro, o Painel de Avaliação Científica das Nações Unidas do Protocolo de Montreal, durante a conferência anual da Sociedade Meteorológica Americana.

    “O nosso sucesso na eliminação gradual dos produtos químicos que estavam a causar danos na camada de ozono mostra-nos o que pode e deve ser feito – com carácter de urgência – para fazer a transição dos combustíveis fósseis, reduzir os gases com efeito de estufa e assim limitar o aumento da temperatura.”, afirmou Petteri Taalas, secretário-geral da Organização Meteorológica Mundial (OMM).

    Com a avaliação atual, espera-se que a camada de ozono sobre a Antártida recupere até 2066 para os níveis de 1980; até 2045 sobre o Ártico; e até 2040 no resto do planeta. Esta estimativa surge no mais recente relatório, publicado de quatro em quatro anos, para avaliar o impacte do Protocolo de Montreal. Em 2016, houve uma atualização do acordo (Kigali Amendment) com a eliminação dos hidrofluorocarbonetos (HFC), que tinham sido usados como substitutos dos CFCs mas que, apesar de não prejudicarem diretamente o ozono, também têm um forte efeito nas alterações climáticas.

    Desde então, tem havido uma “notável recuperação” na camada superior da estratosfera. A eliminação progressiva do HFC também poderá evitar um aquecimento estimado de 0,5 graus Celsius até 2100. O Painel analisou também, pela primeira vez, a utilização de geoengenharia na atmosfera para reduzir o aquecimento global, refletindo mais luz solar no espaço, alertando para as possíveis consequências, incluindo o atraso na recuperação do ozono e no retrocesso do buraco do ozono na Antártida. Outros fatores, incluindo o lançamento de foguetões e incêndios florestais mais frequentes e intensos, impulsionados pelas alterações climáticas, podem também afetar a recuperação.

    Considerado um dos sucessos ambientais modernos, o Protocolo de Montreal é um sinal de resistência para os esforços atuais para reduzir as emissões de dióxido de carbono e de outros gases com efeito de estufa, assim como para mitigar as alterações climáticas.

    Fontes:

    APA (2022). Proteção da Camada do Ozono, URL: https://apambiente.pt/ar-e-ruido/protecao-da-camada-de-ozono-0, consultado a 10 de janeiro de 2023.

    Publico (2022). Buraco do ozono está a fechar: há uma “recuperação notável”, confirma relatório da ONU, URL: https://www.publico.pt/2023/01/09/azul/noticia/buraco-ozono-fechar-ha-recuperacao-notavel-confirma-relatorio-onu-2034358, consultado a 10 de janeiro de 2023.

    The Guardian (2022). Earth’s ozone layer on course to be healed within decades, UN report finds. URL: https://www.theguardian.com/environment/2023/jan/09/ozone-layer-healed-within-decades-un-report?utm_campaign=mb&utm_medium=newsletter&utm_source=morning_brew, , consultado a 10 de janeiro de 2023.

    Visão (2022). O buraco do ozono vai desaparecer nas próximas décadas, URL: https://visao.sapo.pt/visao_verde/ambiente/2023-01-10-o-buraco-do-ozono-vai-desaparecer-nas-proximas-decadas/, consultado a 10 de janeiro de 2023.

    World Meteorological Organization (WMO). Executive Summary. Scientific Assessment of Ozone Depletion: 2022, GAW Report No. 278, 56 pp.; WMO: Geneva, 2022.