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    O mundo (in)sustentável das compras online

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    O mundo (in)sustentável das compras online

    O avanço tecnológico, o acesso à internet de forma massificada e a globalização dos mercados tem melhorado as condições para os consumidores realizarem as suas compras. O e-commerce é uma importante ferramenta da atualidade mundial, oferecida pelos benefícios da internet. As organizações e toda a sua envolvente são incentivadas ao seu uso em massa como uma maneira rápida e fácil de comprar online.

    É do conhecimento de todos que o ano de 2020 foi marcado pelo surgimento do Coronavírus SARS-CoV-2 (COVID-19). A Organização Mundial de Saúde, a 11 de março de 2020, declarou uma situação de emergência de saúde global, uma pandemia. A declaração de estado de emergência em Portugal levou a um confinamento compulsivo de toda a população, a partir de 18 de março de 2020. Se por um lado esta situação teve um impacte profundo no setor empresarial, obrigando a uma adaptação de toda a estratégia, por outro veio também alterar o comportamento dos consumidores.

    Compras Online

    Nas últimas décadas a forma de comprar mudou completamente. Se antes era necessário deslocar para comprar um produto, agora está tudo à distância de um clique. A promoção das vendas online é uma estratégia fortemente utilizada por diversas organizações das mais vastas áreas, com o objetivo de aumentar as vendas de produtos e marcas.

    A nossa qualidade de vida melhorou com esta nova forma de fazer compras. Conseguimos adquirir produtos do outro lado do mundo, algo que sem a internet não seria possível de forma tão cómoda. Muitas vezes, preferimos um produto de outro país que tem um preço mais baixo enquanto podemos adquirir exatamente o mesmo, no nosso país. Um dos grandes problemas que se coloca é a forma como estes produtos são produzidos e o impacto que têm a nível ambiental e social, sobretudo no que respeita às condições de trabalho.

    Só no ano de 2018, cerca de 1,8 mil milhões de pessoas em todo o mundo compraram online, e, em Portugal, as compras online vão continuar a aumentar até ao final do ano de 2021 (Nielsen, 2020). Este comportamento poderá ter um impacto negativo ou não, dependendo da atitude do consumidor. O que leva o consumidor a comprar? Impulso? Precisa realmente daquele produto? Há a possibilidade de devolver o produto sem qualquer custo caso não corresponda às expectativas?

    Compras Online em Portugal – Alterações nos hábitos dos consumidores portugueses face à obsolescência

    De acordo com o “Inquérito à Utilização de Tecnologias da Informação e da Comunicação pelas Famílias” publicado a 20 de novembro de 2020 e retificado a 14 de janeiro de 2021, pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), verificou-se que cerca de 84,5% dos agregados familiares em Portugal tinham ligação à internet no ano de 2020. No contexto da pandemia, essa percentagem de utilizadores da Internet aumentou cerca de 3% em relação ao período homólogo de 2019.

    Em relação ao e-commerce, 44,5% das pessoas dos 16 aos 74 anos fizeram encomendas pela internet em 2020, o que corresponde a um aumento de 7% face a 2019. A quantidade de encomendas em compras online aumentou significativamente tendo sido verificado que, quando comparados os dados de 2020 com 2019, as encomendas aumentaram 4% para quem fez 3 a 5 encomendas, 9,5% para quem fez 6 a 10 encomendas e 6,9% para quem fez mais de 10 encomendas. Por fim, os gastos por encomenda também aumentaram sendo de mais 15,7% para encomendas entre os 100€ e 499€ e mais 8% para encomendas de valor igual ou superior a 500€.

    As compras online registaram um aumento de 46% entre 15 de janeiro e 28 de fevereiro de 2021, quando comparado com o mesmo período de 2020 (SIBS, 2020). O principal fator deve-se às medidas restritivas no combate à pandemia, que levaram a que os portugueses recorressem frequentemente a esta forma de compra. O MB WAY é um dos serviços de pagamentos mais utilizados até à data por portugueses, consumidores e empresas, apresentando um crescimento contínuo de 3,8 vezes comparativamente aos dados do mesmo período do ano transato.

    No que diz respeito ao consumo em loja, foi registado um declínio de 31% nas compras em Multibanco. Contudo, a queda mais acentuada foi registada entre março e maio de 2020 que foi de 47%. Já nos consumos presenciais verificou-se que correspondem a 61% do total de transações onde se encontra, predominantemente, o setor farmacêutico e alimentar.

    Por fim, em relação às compras online, o foco tem sido os setores do entretenimento, cultura e subscrições e, também food delivery, que representam cerca de 46% do total de compras. Quanto ao valor médio das compras em loja, este foi de 37,2€ e para as compras online foi de 37,6€ com uma variação negativa de 4% e 3%, respetivamente, comparativamente com o mesmo período de 2020 (SIBS, 2021).

    Impacte das compras online

    No Reino Unido, onde são feitas diariamente, em média, por supermercado, cerca de 120 entregas, são também contabilizados cerca de 80 quilómetros diários por supermercado, que corresponde a aproximadamente 20 kg de CO2 (Ensia, 2019). De acordo com a mesma fonte, se uma pessoa se deslocar até ao supermercado no seu transporte individual, são feitos em média cerca de 21 km, ida e volta, o que gera 24 vezes mais CO2. As entregas feitas em casa podem emitir menos CO2 quando comparadas com a nossa deslocação de automóvel individual, porque a carrinha transportadora leva de uma só vez diversas encomendas e, assim, a emissão de gases de efeito de estufa é minimizada.

    Mas serão as encomendas online mesmo mais sustentáveis? Na verdade, depende de múltiplos factores. Existem sites que já disponibilizam, a nível local, o envio das encomendas por bicicleta, o que não apresenta emissões de CO2. No entanto, se for considerado o envio padrão para a morada do cliente as entregas podem falhar à primeira e, por vezes, até a segunda ou terceira.

    Para além do mencionado anteriormente, é necessário considerar que as pessoas habitualmente compram 1 ou 2 produtos numa loja e outros noutra, realizando para a mesma morada vários pedidos que vêm de sítios totalmente distintos. Este comportamento também aumenta exponencialmente a pegada de carbono, assim como as devoluções.

    Segundo um estudo feito pelo jornal alemão Süddeutshe Zeitug são feitas, anualmente, cerca de 250 milhões de devoluções e, em média, a cada três produtos encomendados um é devolvido. A razão pela qual isto acontece é, muitas vezes, o facto de muitas pessoas fazerem compras por impulso.

    Relativamente às embalagens a primeira coisa que vemos quando abrimos uma encomenda é, comummente, imenso plástico a envolver os produtos por vezes de forma desnecessária, mas também embalamento excessivo do produto, caixas dentro de outras caixas, sacos de plástico dentro de caixas, papel bolha, esferovite ou bolsas individuais de plástico, fita cola em excesso e livros de instruções em todas as línguas.

    Tudo isto são tópicos que devem ser questionados quando compramos online. Enquanto consumidores temos de ser cada vez mais exigentes, estar mais informados, analisar e tomar decisões conscientes.

    Fontes:

    Analytics, S. (2021). 100 Dias de Pandemia – Retrato das alterações nos hábitos de consumo dos Portugueses. Disponível em: www.sibsanalytics.com [Consultado em dezembro de 2021]

    Instituto Nacional de Estatística (2014). Sociedade da informação e do conhecimento: Inquérito à utilização de tecnologias da informação e da comunicação pelas famílias. 1-10. Consultado em Dezembro de 2021 em: https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_destaques&DESTAQUESdest_boui=415621509&DESTAQUESmodo=2

    Nielsen Global Media (2020). Comércio eletrónico em Portugal. Disponível em: https://www.nielsen.com/pt/pt/ [Consultado em dezembro de 2021]

    Pacheco, P. (2020). O Impacto Ambiental das Encomendas Online. Lisboa: Mind the Trash Consulting Lda. Disponível em: https://mindthetrash.pt [Consultado em dezembro de 2021]

    Perestrelo do Rosário, D., Correia, J., da Silva Barbosa, B. R., Mendonça Neto, E. D., & Seixas Sardinha, L. F. (2021). As compras online e o comportamento dos consumidores: Um caso de estudo na Região Autónoma da Madeira. E3 – Revista De Economia, Empresas E Empreendedores Na CPLP, 7(2). https://doi.org/10.29073/e3.v7i2.382