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    Plásticos, microplásticos e nanoplásticos nos oceanos

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    Plásticos, microplásticos e nanoplásticos nos oceanos

    O termo “plástico” engloba uma vasta gama de materiais maioritariamente constituídos por átomos de Carbono (C), Hidrogénio (H), Oxigénio (O), Azoto (N), Enxofre (S) e Cloro (Cl). A sua popularização está sobretudo relacionada com o facto de o plástico ser um material muito versátil, barato, durável, resistente e flexível, que se apresenta como uma ótima solução, por exemplo, na área dos cuidados de saúde, através do aumento da higiene e oferta de materiais assépticos.

    Atualmente, este material, com maior ou menor peso, faz parte de qualquer rotina. Desde a higiene pessoal à cozinha e aos almoços e jantares fora de casa. Contudo, é esta mesma versatilidade e características altamente desejáveis que levaram a uma utilização excessiva deste material e à sua crescente acumulação no ambiente. Plásticos mais pequenos, denominados micro- e nanoplásticos, são um perigo moderno, cujos riscos não são, ainda, totalmente compreendidos.

    Não é surpreendente que os últimos dados apontem para uma produção anual de plásticos próxima dos 350 milhões de toneladas, em 2017 (PlasticEurope, 2018). A nível europeu, a distribuição da procura de plásticos por setor, ilustrada na Figura 1, evidencia a tendência observada a nível mundial, em que a maior percentagem do plástico produzido destina-se a embalagens.

    Consequentemente, estes materiais contribuem de forma significativa para a produção de resíduos e estima-se que entre 5 a 13 milhões de toneladas de plástico sejam depositadas, anualmente, nos oceanos (Silva, 2017). De acordo com o relatório “Marine Plastic Debris and Microplastics – Global lessons and research to inspire action and guide policy change”, mantendo-se o ritmo atual, em 2050, a massa de plástico nos oceanos pode exceder a massa de peixes (UNEP, 2016).

    O que são os microplásticos e nanoplásticos?

    Os Microplásticos (MP) são definidos como plásticos de dimensões < 5 mm e, normalmente, são classificados quanto à sua origem:

    • Os MPs primários são partículas intencionalmente produzidas com estas dimensões reduzidas e podem ser encontradas em abrasivos industriais para limpeza de navios e aeronaves, em produtos de limpezas domésticas, produtos de higiene pessoal (esfoliantes corporais, pasta dentífrica, creme de barbear, gel de limpeza), cosméticos e matéria-prima da indústria dos plásticos, “pellets” (pastilhas de resina), pó de resina virgem ou reciclada, etc.
    • Os MPs secundários formam-se no meio ambiente o ambiente a partir de fragmentos de maiores dimensões, devido a processos de degradação mecânica (erosão, abrasão), química (foto-oxidação, temperatura, corrosão) e biológica (degradação por micro-organismos). Esta tipologia será, talvez, a que exibe a maior variedade de fontes, incluindo a deterioração de sacos de plástico, redes de pescas, emissões de partículas provenientes da indústria de produção e/ou manutenção de plásticos, bem como de processos de abrasão, como os observados em pneus.

    As fontes de microplásticos primários e secundários são muito diversificadas, como se observa de seguida.

    Apesar do consenso existente na comunidade científica quanto à classificação de microplásticos, o mesmo não se verifica quanto à definição de nanoplásticos. A definição mais comummente utilizada é considerar os nanoplásticos como aqueles que apresentam dimensões inferiores a 1 mm, sendo que, nos últimos anos, se tem verificado uma maior utilização da definição proposta pela União Europeia e que se baseia na classificação utilizada para engineered nanomaterials, ou seja, partículas que sejam, em pelo menos duas das suas dimensões, inferiores a 100 nm.

    Destino e consequências dos micro e nanoplásticos

    É irrefutável dentro do meio científico a presença de micro e nanoplásticos nas diferentes matrizes ambientais. Por sua vez, a determinação da distribuição de micro e nanoplásticos nos oceanos é difícil devido à complexidade e interligação das diferentes variáveis envolvidas, tais como condições atmosféricas, correntes, atividades humanas e animais e as próprias características específicas de cada um dos materiais.

    Talvez entre os mais conhecidos e visíveis efeitos da acumulação de plástico nos oceanos é o denominado “The Great Pacific Garbage Patch” (GPGP), isto é, um aglomerado flutuante de lixo situado entre o Havai e a Califórnia, que cobre aproximadamente 1.6 milhões km2 e é constituído por mais de 80 000 toneladas de plástico (Dautel, 2009).

    De acordo com a investigação “Evidence That the Great Pacific Garbage Patch Is Rapidly Accumulating Plastic” e durante o período de amostragem de 2015 a 2016, 99,9% dos materiais recolhidos eram plásticos, dos quais 52% eram redes de pesca, cordas, linhas e outras materiais da indústria marinha.

    A maioria dos estudos indica, assim como dados oficias da União Europeia, que a principal origem de plástico nos oceanos é de origem terrestre, seguido pelos resíduos de plástico dos equipamentos de pesca. Este é um tema ainda muito controverso e que merece uma análise mais detalhada.

    Esta acumulação tem consequências não só para a fauna e para o ambiente marinhos, mas tem também impactes negativos a nível económico e social, dada as formas, ainda não totalmente explicadas, através das quais pode influenciar comportamentos, cadeias alimentares e, em última instância, a saúde humana.

    5 dicas para evitar os microplasticos

    • Evitar detergentes, cosméticos e produtos de higiene com microesferas de plástico: Existe uma aplicação móvel para iOS e Android que facilita a tarefa de identificar produtos livres de microplásticos. Basta fotografar a lista de ingredientes e a Beat the Microbead diz-lhe de imediato se os produtos contêm ou não microplásticos;
    • Evitar deitar restos de tinta acrílica ou à base de látex pelo ralo: O ideal será utilizar tintas ecológicas. Não comprar embalagens maiores do que o que realmente será necessário, várias marcas oferecem nos seus sites calculadoras para ajudar. O que restar pode doar a amigos, vizinhos, ou a uma instituição de solidariedade social;
    • Comprar roupa mais sustentável: Maior parte das roupas têm na sua composição microfibras sintéticas como nylon ou poliéster que serão libertadas nas lavagens da roupa. Uma sugestão é privilegiar vestuário em algodão e outras fibras naturais;
    • Fibras sintéticas na lavagem: Durante as lavagens, as roupas sintéticas libertam as microfibras de plástico que acabam nos esgotos e daí fazem o seu caminho até ao oceano. A sugestão é optar por ciclos mais curtos e com menor ação mecânica – um programa de torcer mais reduzido, por exemplo;
    • Utilizar mais transportes públicos: Sabemos que os pneus dos automóveis e de outros veículos se desgastam ao circular. O atrito entre os pneus e o asfalto liberta cerca de 20 gramas de microplástico a cada 100 quilómetros percorridos, que, ao serem arrastados pelo vento e pelas chuvas, também chegam rapidamente ao oceano.

    Fontes:

    Boucher, J. and Friot D. (2017). Primary Microplastics in the Oceans: A Global Evaluation of Sources. Gland, Switzerland: IUCN. 43pp.

    da Costa, J.P., Duarte, A., Rocha-Santos, T. (2019). Plastic in the environment. Revista Recursos Hídricos, Vol. 40, N.º 1, 11-18. DOI 10.5894/rh40n1-d1

    da Costa, J.P., Micro- and nanoplastics in the environment: Research and policymaking. Current Opinion in Environmental Science & Health, 2018. 1: p. 12-16.

    Dautel, S.L., Transoceanic trash: international and United States strategies for the great Pacific Garbage Patch. Golden Gate U. Envtl. LJ, 2009. 3: p. 181. 7. NOAA, Microplastics One Pager, N.O.A.A. Administration, Editor. 2015, Department of Commerce: MD, USA.

    EUCommission, Commission recommendation of 18 October 2011 on the definition of nanomaterial (2011/696/EU). Off J Eur Union, 2011. L275.

    GRID ARENDAL (2018). How microplastics are generated. Marine Litter Vital Graphics, consultado a julho de 2021, em https://www.grida.no/resources/6929

    Lebreton, L., B. Slat, F. Ferrari, B. Sainte-Rose, J. Aitken, R. Marthouse, S. Hajbane, S. Cunsolo, A. Schwarz, A. Levivier, K. Noble, P. Debeljak, H. Maral, R. Schoeneich-Argent, R. Brambini, and J. Reisser. Evidence That the Great Pacific Garbage Patch Is Rapidly Accumulating Plastic. Scientific Reports 8, no. 1 (2018). doi:10.1038/s41598-018-22939-w.

    PlasticsEurope, Plastics – the Facts 2018, PlasticsEurope and EuPC, Editors. 2018, Plastics Europe: Brussels.

    Silva, A.B., et al., Microplastics in the environment: Challenges in analytical chemistry – A review. Analytica Chimica Acta, 2018. 1017: p. 1-19. 5.

    UNEP, Marine Plastic Debris and Microplastics – Global lessons and research to inspire action and guide policy change, in Environment & green economy – Resource efficiency, U. Environment, Editor. 2016, United Nations: Nairobi. 6.

    University of Oxford (2021). Our World in Data: Where does the plastic in our oceans come from?, consultado a julho de 2021, em https://ourworldindata.org/ocean-plastics