Digite o que quer pesquisar:

Make your own custom-made popup window!

Lorem ipsum dolor sit amet, consectetuer adipiscing elit, sed diam nonummy nibh euismod tincidunt ut laoreet dolore

    Economia e Ambiente | Novos modelos económicos para um mundo mais sustentável

    BoG / Blog  / Economia e Ambiente | Novos modelos económicos para um mundo mais sustentável

    Economia e Ambiente | Novos modelos económicos para um mundo mais sustentável

    À medida que as economias crescem, tendem a usar mais recursos – tanto recursos biológicos renováveis, como stocks não-renováveis de minerais, metais e combustíveis fósseis. Impulsionada pelo desenvolvimento industrial e tecnológico e pela evolução dos padrões de consumo, a extração de recursos mais do que triplicou desde 1970, incluindo um aumento de cinco vezes no uso de minerais não metálicos e um aumento de 45% no uso de combustíveis fósseis (APA, 2023).

    Figura 1. Extração global de recursos desde 1970 a 2017. Fonte: European Environment Agency, 2019

     

    Promover a adoção de modelos económicos mais sustentáveis é essencial num contexto de recursos limitados. Procura-se, por este motivo, alcançar a desejada dissociação entre o desenvolvimento económico e os impactes ambientais, entre produção de bens e utilização de recursos.

     

    O sistema económico atual (economia linear) e os seus desafios

    Atualmente, seguimos um modelo de economia linear. Este modelo consiste num sistema em que os recursos são extraídos para fabricar produtos que, eventualmente, tornar-se-ão resíduos e serão descartados. Neste sistema os produtos e materiais não são usados em todo o seu potencial, movendo-se sempre numa única direção: da matéria-prima ao desperdício.  Por outras palavras, o modelo económico linear baseia-se no princípio “extrair – produzir – consumir – descartar”. Este modelo é altamente poluente, prejudica os ecossistemas naturais e contribui para uma série de desafios globais, incluindo as alterações climáticas e a perda de biodiversidade.

    Figura 2. Ciclo da economia linear. Fonte: Universo B, 2020

     

    A forma como a nossa economia atua destrói o próprio capital natural do qual depende. É possível observar esse efeito nos solos cada vez mais degradados, nos oceanos poluídos, na perda de biodiversidade, na escassez de água doce e com a desflorestação.

    Perante a insustentabilidade deste modelo, é urgente a adoção de outros sistemas que assegurem a proteção e segurança dos recursos. Estes novos modelos devem ser desenhados tendo em vista a reconfiguração dos padrões de consumo, com o objetivo de mitigar os efeitos das alterações climáticas e assegurar a disponibilidade de recursos para as gerações futuras.

     

    O modelo de Economia Circular

    Na procura de alternativas e inovações aos modelos económicos atuais surge o paradigma da economia circular. Este modelo destaca-se, atualmente, como uma das abordagens mais proeminentes e promissoras nas discussões das agendas económicas modernas.

    A economia circular é um modelo de produção e de consumo que envolve a partilha, o aluguer, a reutilização, a reparação, a renovação e a reciclagem de materiais e produtos existentes, enquanto possível. Desta forma, o ciclo de vida dos produtos é alargado.

    Na prática, a economia circular implica a redução do desperdício ou dos resíduos ao mínimo. Quando um produto chega ao fim do seu ciclo de vida, os seus materiais são mantidos dentro da economia, sempre que possível, graças à reciclagem. E podem, deste modo, ser utilizados uma e outra vez, o que permite criar mais valor.

    Figura 3. Ciclo da economia circular. Fonte: Universo B, 2020.

     

    A transição para um modelo de economia circular permite enfrentar os desafios que a economia linear apresenta (Parlamento Europeu, 2023):

    Proteger o ambiente

    Reutilizar e reciclar os produtos permite retardar o uso dos recursos naturais, reduzir a perturbação das paisagens e dos habitats e ajudar a limitar a perda de biodiversidade. Adicionalmente, contribui para a redução da emissão anual total de gases com efeito de estufa. De acordo com a Agência Europeia do Ambiente, os processos industriais e a utilização de produtos são responsáveis por 9,10% das emissões de gases com efeito de estufa na UE, enquanto a gestão de resíduos representa 3,32% das emissões.

     

    Criar produtos mais eficientes e sustentáveis

    Criar produtos mais eficientes e sustentáveis desde o início ajudaria a reduzir o consumo de energia e recursos, pois estima-se que mais de 80% do impacte ambiental negativo de um produto seja determinado durante a fase de projeto.

    O design dos produtos é orientado para a eficiência e sustentabilidade desde a fase de projeto. Isso significa que se procura criar produtos que sejam duradouros, de fácil manutenção e reparação, o que reduz a necessidade de substituição constante.

     

    Reduzir a dependência de matérias-primas

    A reciclagem de matérias-primas mitiga riscos associados à oferta, tais como a volatilidade de preços, a disponibilidade e a dependência nas importações. Isto é o exemplo, nomeadamente, das matérias-primas essenciais, necessárias para a produção de tecnologias que são cruciais para alcançar objetivos climáticos, como as baterias e os motores elétricos.

     

    Criar empregos e poupar o dinheiro dos consumidores

    A transição para uma economia circular pode, ainda, aumentar a competitividade, estimular a inovação, incentivar o crescimento económico e gerar empregos. Estima-se a criação de cerca de 700 000 postos de trabalho na UE até 2030.

    A economia circular também pode fornecer aos consumidores produtos mais duradouros e inovadores, com vista a melhorar a qualidade de vida e a permitir-lhes poupar dinheiro a longo prazo.

     

    Outras alternativas ao modelo linear

    Para além da economia circular, têm surgido outros modelos económicos com o propósito de enfrentar os desafios da economia linear. À semelhança da economia circular, desenvolvem-se abordagens que promovem a sustentabilidade e a eficiência na utilização de recursos. De seguida, apresentamos alguns destes modelos alternativos:

    • Economia de Partilha

    Revoluciona a forma como a sociedade encara a utilização dos bens materiais e serviços. A economia partilhada possibilita não só a troca direta de bens, serviços e até mão de obra, mas também rentabiliza ativos que são pouco utilizados e, desta forma, aproveita lacunas de mercado. Há milhares de anos que as diferentes comunidades espalhadas pelo mundo partilham os seus bens e serviços, porém, com o intensificar da rede online, tornou-se mais fácil o encontro entre quem tem algo para oferecer e aqueles que necessitam desse bem ou serviço.

    Esta abordagem baseia-se nos princípios de valorização da utilidade em detrimento da posse, priorização do acesso e construção de confiança entre os intervenientes. A Economia de Partilha promove a eficiência, a sustentabilidade e a oportunidade de partilha, permitindo que as pessoas desfrutem dos benefícios de produtos e serviços sem necessariamente os possuir.

     

    • Economia Regenerativa

    Refere-se a um modelo económico que tem por objetivo regenerar e revitalizar os sistemas naturais e sociais que sustentam a vida na Terra. Este modelo parte do princípio de que a economia não deve apenas deixar de causar danos, mas sim contribuir ativamente para a restauração e melhoria dos ecossistemas e comunidades.

    Este modelo é uma abordagem proativa e inovadora para enfrentar desafios globais como as mudanças climáticas, a perda de biodiversidade e a degradação dos recursos naturais.

    É possível gerar rendimento económico enquanto se regenera a Natureza e os territórios? Veja ou reveja aqui as três histórias que o programa Biosfera apresenta que provam que sim.

     

    • Economia de Impacto

    O Empreendedorismo Social está no centro desta Economia de Impacto. A Economia de Impacto é uma nova ordem económica onde a criação de valor para a sociedade passa a assumir um papel fundamental e central enquanto foco das várias organizações que o compõem. Neste modelo, destaca-se a criação de impacto social e ambiental positivo, para além do lucro financeiro.

    As empresas avaliam o seu sucesso com base em métricas que refletem o impacto positivo que criam na sociedade e no ambiente. Este foco altera as respetivas práticas de gestão (obrigando, por exemplo, a um maior trabalho em rede e à convergência na atuação para potenciar o valor criado para a sociedade), de governance (tornando-as mais transparentes e em sistemas verdadeiramente abertos) e de negócio (promovendo a inovação nos processos, nos produtos, nos serviços e no marketing, assim como na forma de mobilização de recursos subutilizados da sociedade).

     

    • Economia Colaborativa

    É um modelo económico que se baseia na colaboração entre empresas e partes interessadas para otimizar o uso de recursos e promover a sustentabilidade. Neste modelo, as empresas unem esforços e colaboram em iniciativas destinadas a reduzir desperdícios, melhorar a eficiência e minimizar o impacto ambiental. Este tipo de colaboração pode manifestar-se de várias formas, desde a partilha de infraestruturas e recursos até à implementação de práticas comerciais mais sustentáveis.

    Tem como objetivo otimizar a eficiência empresarial e contribuir para a construção de um sistema económico mais sustentável e equitativo. Este modelo encoraja a partilha de conhecimento, a cooperação e a responsabilidade coletiva na procura de soluções que beneficiem tanto as empresas como a sociedade e o ambiente.

     

    Por fim…

    É inegável a presença de problemas e desafios intrínsecos ao modelo económico atual. A continuação da sua aplicação tem demonstrado ser prejudicial, tanto para a estabilidade económica como para a integridade do nosso planeta. Torna-se, portanto, imperativo implementar alternativas que priorizem a eficiência, a reutilização de recursos e a criação de impacto social e ambiental positivo. A adoção destes novos modelos inovadores é essencial para a construção de um futuro sustentável.

    O curso dos acontecimentos depende da nossa capacidade de repensar e reformular os sistemas económicos, assegurando um equilíbrio entre o desenvolvimento económico e a preservação do nosso planeta.

     

     

    Referências

    Agência Portuguesa do Ambiente (2023). Domínios Ambientais. Economia e Ambiente. REA – Portal do Estado do Ambiente Portugal URL: https://rea.apambiente.pt/dominio_ambiental/economia_e_ambiente [Acedido em outubro de 2023]

    Aspas, Rui (2020). O que é a economia de partilha. Doutorfinanças, 20 de março de 2020. URL: https://www.doutorfinancas.pt/financas-pessoais/orcamento-familiar/o-que-e-a-economia-de-partilha/ [Acedido em outubro de 2023].

    Azevedo, Carlo (2017). Economia de Impacto: uma nova ordem económica. VER, 13 de julho de 2017.URL: https://www.ver.pt/economia-de-impacto-uma-nova-ordem-economica/ [Acedido em outubro de 2023].

    Carvalho, M. M., & Gonçalves, A. S. S. (2023). Economia colaborativa.

    Eco.nomia (2023). O que é a economia circular. URL: https://eco.nomia.pt/pt/economia-circular/estrategias [Acedido em outubro de 2023]

    Goldenergy (2023). Economia linear e circular: saiba qual é melhor para o ambiente. URL: https://goldenergy.pt/blog/sustentabilidade/economia-linear-e-circular/ Acedido em outubro de 2023].

    Jokyra, Tiago (2022). O que é a economia regenerativa. NetZero, 20 de janeiro de 2022. URL: https://netzero.projetodraft.com/o-que-e-economia-regenerativa/ [Acedido em outubro de 2023].

    Legnaioli, Stella (2023). O que é a economia circular. eCycle. URL: https://www.ecycle.com.br/economia-linear/ [Acedido em outubro de 2023]

    Parlamento Europeu (2023). Economia circular: definição, importância e benefícios. URL: https://www.europarl.europa.eu/news/pt/headlines/economy/20151201STO05603/economia-circular-definicao-importancia-e-beneficios [Acedido em outubro de 2023]