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    Educação Ambiental e Ansiedade Ambiental: uma relação inesperada?

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    Educação Ambiental e Ansiedade Ambiental: uma relação inesperada?

    A importância da educação ambiental

    A educação ambiental é um dos pilares fundamentais para o desenvolvimento de uma sociedade mais consciente e sustentável. Ensinar sobre o meio ambiente não se trata apenas de transmitir conhecimento sobre ecossistemas, biodiversidade ou alterações climáticas, mas também de promover uma cultura de responsabilidade e ação. Através da educação ambiental é possível sensibilizar indivíduos para a importância da conservação dos recursos naturais, incentivando comportamentos que minimizem impactes negativos no planeta.

    A integração da educação ambiental desde cedo permite que crianças e jovens compreendam a interligação entre os sistemas naturais e a vida humana, percebendo que as suas ações individuais e coletivas têm consequências diretas no equilíbrio ambiental. Além disso, estimula competências como o pensamento crítico, a capacidade de resolução de problemas e a participação ativa na construção de soluções para os desafios ambientais globais.

    A forma como estas questões são abordadas tem um papel crucial no efeito que produzem nos indivíduos. Quando apresentada de maneira equilibrada e com um foco positivo, a educação ambiental pode ser inspiradora e transformadora. No entanto, quando centrada exclusivamente em cenários catastróficos e num discurso alarmista, pode gerar um efeito colateral inesperado: a ansiedade ambiental.

     

    O que é a ansiedade ambiental?

    A ansiedade ambiental, ou ecoansiedade, é um termo relativamente recente que descreve o medo crónico e angustiante em relação às alterações climáticas e ao estado do meio ambiente, em geral. Este fenómeno afeta especialmente os mais jovens, que enfrentam um futuro incerto e sentem-se, muitas vezes, impotentes perante a magnitude dos desafios ambientais e sociais. Estudos indicam que a ecoansiedade está associada a emoções como raiva, tristeza, culpa e desespero, podendo ter impactes significativos na saúde mental (Pihkala, 2020).

    A crescente exposição a notícias e estudos que reforçam o declínio ambiental pode criar uma sensação de urgência e preocupação excessiva. Embora seja fundamental estarmos informados, o excesso de informação negativa sem estratégias para ação pode levar a sentimentos de paralisia e inação.

    Figura 1. Ansiedade ambiental: o peso das preocupações ecológicas. Fonte: GEOKRATOS, 2023

     

    O papel da educação na ansiedade ambiental

    A educação ambiental é fundamental para sensibilizar e mobilizar as pessoas para a ação climática. Contudo, como mencionado anteriormente, quando abordada de forma inadequada, pode contribuir para sentimentos de desespero, paralisia e impotência.

    Alguns fatores que intensificam a ecoansiedade incluem:

    • Destacar apenas os problemas, sem apresentar soluções viáveis e acessíveis;
    • Uso excessivo de narrativas catastróficas, gerando a sensação de impotência e medo;
    • Falta de incentivo para ações individuais e coletivas, levando à perceção de que “nada pode ser feito”;
    • Distanciamento da realidade local, tornando os problemas demasiado abstratos e sem ligação com o quotidiano dos indivíduos.

    Por outro lado, quando bem estruturada, a educação ambiental pode ter um efeito positivo, ajudando as pessoas a canalizar a preocupação em direção a soluções concretas e construtivas. Ao invés de apenas destacar os problemas ambientais, a educação deve reforçar a ideia de que existem alternativas e formas eficazes de mitigação.

     

    O caminho para uma educação ambiental saudável

    O desafio é encontrar formas de ensinar sobre o meio ambiente sem criar ansiedade ambiental. Para isso, é necessário adotar abordagens pedagógicas equilibradas, que promovam o conhecimento sem causar pânico ou frustração. Este será o tema da próxima semana, onde exploraremos estratégias pedagógicas para equilibrar conhecimento ambiental e bem-estar emocional.

    A educação ambiental tem o poder de inspirar mudanças positivas, desde que seja estruturada para promover o otimismo prático, a consciência ativa e a esperança fundamentada na ação. Quando ensinamos sobre o meio ambiente de uma forma equilibrada e construtiva, ajudamos a formar cidadãos informados, mas também emocionalmente preparados para enfrentar os desafios do futuro.

     

     

    Referências

    Hiwell. (2024). Eco-ansiedade: O que é e como lidar? Hiwell. URL: https://www.hiwellapp.com/pt-BR/blog/eco-ansiedade [Acedido em fevereiro de 2025]

    The Open University. (2025). Eco-anxiety: A growing concern in environmental studies. The Open University. URL: https://www5.open.ac.uk/stem/environment-earth-ecosystem-sciences/node/241 [Acedido em fevereiro de 2025]

    Essência do Ambiente. (2025). Educação ambiental: Preparar o futuro para uma geração ansiosa? Essência do Ambiente. URL: https://essenciadoambiente.pt/educacao-ambiental-preparar-futuro-geracao-ansiosa/ [Acedido em fevereiro de 2025]

    Environmental Studies. (2022). Climate anxiety and its relationship with environmental education and activism. University of Washington. URL: https://envstudies.uw.edu/capstone/climate-anxiety-and-its-relationship-with-environmental-education-and-activism/ [Acedido em fevereiro de 2025]

    Pihkala, P. (2020). Eco-Anxiety and Environmental Education. Sustainability12(23), 10149. https://doi.org/10.3390/su122310149