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    A agricultura urbana e o exemplo das hortas comunitárias

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    A agricultura urbana e o exemplo das hortas comunitárias

    Ao longo destas semanas, abordámos a agricultura intensiva, exemplos das suas práticas e quais as suas consequências, apresentámos também duas possíveis soluções de práticas agrícolas mais ecológicas, entre elas a agricultura biológica e a permacultura. O texto desta semana desmitifica o conceito de agricultura urbana e qual a importância das hortas comunitárias.

    O desafio de alimentar a população de uma forma sustentável

    Tendo como ponto de partida a agricultura intensiva, tal como foi abordado anteriormente, verificou-se que esta apresenta um conjunto de consequências prejudiciais ao ambiente e à saúde humana. Contudo, o desafio de alimentar a população mundial de uma forma rápida e sustentável mantém-se. De acordo com a ONU, a população mundial está projetada para atingir 8,5 mil milhões em 2030, e aumentar para 9,7 mil milhões em 2050. Desde forma, a prática da agricultura urbana poderá ser uma solução a adotar para garantir o fornecimento de alimentos para a população nas zonas urbanas assim como nas zonas rurais.

    O que é a agricultura urbana?

    De acordo com o United States Department of Agriculture (USDA), a agricultura urbana inclui o cultivo, o processamento e a distribuição de produtos agrícolas em áreas urbanas e suburbanas, utilizando os recursos humanos e serviços existentes. As hortas comunitárias, a jardinagem nos quintais, telhados e varandas, a jardinagem em terrenos baldios e parques, as instalações hidropónicas, aeropónicas e a aquapónicas são alguns exemplos deste tipo de prática agrícola.

    Uma das grandes vantagens da agricultura urbana prende-se com o seu potencial para ajudar a resolver problemas de insegurança alimentar local nas cidades e nas áreas suburbanas, através do cultivo de alimentos frescos e saudáveis, contribuindo ainda para a produção e consequente consumo local, o que reduz drasticamente a pegada de carbono associada ao transporte dos alimentos. Adicionalmente, esta impulsiona a economia local, reconecta as comunidades à prática de cultivo dos seus próprios alimentos, fomenta a ligação à natureza mesmo em meios urbanos e pode criar emprego. Por outro lado, alguns dos desafios que os agricultores urbanos enfrentam frequentemente são questões de planificação e distribuição dos talhões, utilização de águas residuais para regadio e insuficiência na produção caso haja venda dos alimentos em estabelecimentos comerciais, o que pode gerar um baixo lucro relativamente aos produtos, uma vez que o ritmo da produção não acompanha o abastecimento avultado do mercado.

    The European Forum on Urban Agriculture (EFUA)

    O Fórum Europeu de Agricultura Urbana é um projeto de 4 anos financiado pelo Programa de Pesquisa e Inovação Horizonte 2020 da União Europeia, estando em vigor de 2020 a 2024. Os objetivos do EFUA são desbloquear o potencial da agricultura urbana através de uma melhor rede, melhor conhecimento, melhor implantação e melhores políticas de campo. O estabelecimento de um fórum tem como finalidade desenvolver novos níveis de envolvimento das partes interessadas para informar a tomada de decisões e integrar a agricultura urbana nas políticas europeias, regionais e locais. Saiba mais aqui!

    As hortas comunitárias como exemplo de agricultura urbana

    Segundo a ACGA (American Community Gardening Association), as hortas comunitárias podem ser urbanas, suburbanas ou rurais, havendo o cultivo de flores, vegetais ou uma comunidade de ambos, sendo que os lotes podem ser comunitários ou individuais. Constituem espaços abertos administrados pela comunidade onde os moradores têm o poder de projetar, construir e manter espaços.

    São uma boa oportunidade para preservar algumas tradições ancestrais do cultivo da terra e requalificar espaços urbanos antes desaproveitados. Podem constituir uma forma de as famílias produzirem os seus próprios alimentos a menor custo, sendo que, em alguns casos, permitem também complementar o rendimento do agregado através da venda dos produtos cultivados.

    As hortas comunitárias ajudam a reduzir a poluição dos solos e a fertilizar os terrenos graças ao recurso a resíduos orgânicos como forma de adubar as plantações. Além disso, ajudam a reter a água da chuva no solo, contribuindo para uma melhoria da qualidade do ar, e permitem combater as ilhas de calor (fenómeno climático que ocorre sobretudo nas cidades caracterizando-se por um aumento de temperatura).

    A realidade das hortas comunitárias em Portugal

    Segundo a Associação Sistema Terrestre Sustentável Zero, em 2017, havia 59 hortas comunitárias em Portugal, com quase 70 ha para cultivo. Muitas delas estão associadas a outros projetos sociais e pedagógicos, como por exemplo as hortas urbanas em Coimbra. Outros exemplos são as autarquias do Porto, Guimarães e Seixal que também têm hortas comunitárias aliadas a projetos de hortas pedagógicas, que permitem o contacto com os ciclos naturais da agricultura e a sensibilização para o património natural dos alunos das escolas do concelho.

    Em Lisboa, existem 21 parques hortícolas municipais com o apoio técnico permanente a todos os agricultores urbanos que os utilizam, assim como a maior horta comunitária do país, o Parque Urbano do Vale de Chelas, em Marvila. Este parque apresenta uma área de cerca de 3 ha e mais de 200 talhões para cultivo. A LIPOR – Serviço Intermunicipalizado de Gestão de Resíduos do Grande Porto – tem um projeto, em coordenação intermunicipal, de gestão e atribuição de talhões agrícolas para o cultivo particular.

    O Parque Urbano do Vale de Chelas, Lisboa

    O Parque Urbano do Vale de Chelas nasceu da necessidade de requalificar e dotar esta área com condições para a prática da agricultura urbana, atividade desenvolvida há um período considerável, de forma precária e desorganizada.

    Está inserido na Estrutura Ecológica Municipal e concilia a produção hortícola com atividades de recreio. Este parque hortícola apresenta cerca de 3,3 ha de horta e é constituído por 219 talhões para prática de agricultura urbana, casas de arrumos e acesso a água adequada à rega de produtos hortícolas.

    A Lipor e o Projeto de Hortas Urbanas

    O Projeto das Hortas Urbanas foi lançado em julho de 2003 com o objetivo de articular a disponibilidade de várias entidades locais numa rede que viabilizasse uma estratégia para a Região do Grande Porto, no domínio da compostagem caseira, na promoção da agricultura biológica e na criação de hortas urbanas.

    Com esta iniciativa, a Lipor idealiza estes espaços para reduzir a produção de resíduos e implementar práticas que melhorem a qualidade dos solos, através da disponibilização gratuita de talhões em hortas urbanas, dando a oportunidade aos cidadãos e famílias de produzir alimentos frescos respeitando os ciclos de vida naturais e de acordo com os princípios de agricultura biológica, e ainda valorizando localmente os biorresíduos.

    Ficou motivado(a) para começar a criar a sua horta? Consulte algumas dicas aqui:

    A agricultura urbana, com o exemplo das hortas comunitárias, poderá ser um ponto de partida para solucionar o desafio de alimentar a população nas cidades e zonas rurais, tendo por base os princípios de agricultura biológica e da permacultura. A longo prazo, é fundamental a adoção de uma prática agrícola sustentável que respeite o ambiente e não coloque entraves à saúde pública, satisfazendo as necessidades alimentares da população mundial.

    Fontes:

    Caixa Geral de Depósitos. Hortas comunitárias: um espaço para alimentos saudáveis. URL: https://www.cgd.pt/Site/Saldo-Positivo/Sustentabilidade/Pages/hortas-comunitarias.aspx [consultado em setembro de 2022];

    Câmara Municipal de Lisboa. Parque Urbano do Vale de Chelas. URL: https://informacoeseservicos.lisboa.pt/contactos/diretorio-da-cidade/parque-urbano-do-vale-de-chelas [consultado em setembro de 2022];

    EFUA. About EFUA. URL: https://www.efua.eu/about-efua [consultado em setembro de 2022];

    Lipor. O Projeto das Hortas Urbanas. URL: https://www.lipor.pt/pt/sensibilizar/hortas-urbanas/o-projeto-de-hortas-urbanas/ [consultado em setembro de 2022];

    Salto, o blog da comunidade Santander. Hortas urbanas e comunitárias: o que são e que vantagens têm. URL: https://www.santander.pt/salto/hortas-urbanas-e-comunitarias-o-que-sao [consultado em setembro de 2022];

    Soil Science Society of America. Community Gardens. URL: https://www.soils.org/about-soils/community-gardens/ [consultado em setembro de 2022];

    United Nations. Global Issues Population. URL: https://www.un.org/en/global-issues/population [consultado em setembro de 2022];

    University of California, Agriculture and Natural Resources. Urban Agriculture. URL: https://ucanr.edu/sites/UrbanAg/ [consultado em setembro de 2022];

    USDA U.S. Department of Agriculture. Urban Agriculture. URL: https://www.usda.gov/topics/urban [consultado em setembro de 2022].