
Educação Ambiental: como sensibilizar sem provocar ansiedade ambiental?
A educação ambiental e o desafio da ansiedade ambiental
A educação ambiental desempenha um papel fundamental na formação de cidadãos conscientes e responsáveis em relação ao meio ambiente. Mas, como analisado no texto da semana passada, a abordagem adotada na sua transmissão pode ter impactes negativos significativos no bem-estar emocional das pessoas. Uma abordagem demasiado alarmista e focada nos impactes negativos pode gerar ansiedade ambiental, um fenómeno caracterizado por preocupação excessiva e angústia em relação às alterações climáticas e à degradação ambiental.
A solução não está em evitar o tema, mas sim em construir estratégias pedagógicas que promovam um equilíbrio entre informação, pensamento crítico e ação positiva. O objetivo deve ser capacitar a sociedade a compreender os desafios ambientais sem a sobrecarregar emocionalmente.
Princípios para uma educação ambiental saudável
1. Estar informado e aprender a “desligar”
Estar informado acerca do ambiente é benéfico, mas é importante escolher fontes de confiança, sobretudo quando estamos expostos a múltiplos meios de comunicação (televisão, rádio, políticas, publicidade e redes sociais), onde a informação pode ser imprecisa, tendenciosa ou em quantidade exagerada.
Reavaliar as fontes de informação e, se necessário, reduzir ou mesmo suspender temporariamente a consulta de informação pode ajudar a baixar os níveis de stress.
2. Focar nas soluções e na esperança ativa
A educação ambiental não deve limitar-se a apresentar os problemas, devendo também destacar soluções, inovações tecnológicas e exemplos bem-sucedidos de mitigação ambiental. Demonstrar que há progresso e que cada pessoa pode contribuir de forma positiva ajuda a combater o sentimento de impotência.
3. Promover o pensamento crítico e a capacidade de resolução de problemas
Em vez de transmitir apenas informações sobre o estado do meio ambiente, a educação deve incentivar os indivíduos a analisar as causas e consequências dos problemas ambientais e a desenvolver possíveis soluções. Encorajar a questionar, investigar e propor estratégias promove uma mentalidade de agente de mudança.
4. Criar experiências positivas e ativas
Atividades práticas, como criar hortas escolares, participar em campanhas de reciclagem, ajudar na reflorestação ou colaborar em projetos científicos, permitem que os indivíduos vejam os resultados das suas ações. Este tipo de aprendizagem prática diminui a sensação de impotência e cria uma ligação mais forte com a natureza.
5. Evitar o catastrofismo e o sensacionalismo
É importante transmitir a urgência dos desafios ambientais, mas sem recorrer ao medo ou ao desespero. O foco deve estar na responsabilidade coletiva e no papel que cada um pode desempenhar, evitando narrativas que levem à paralisia emocional.
6. Incentivar a colaboração e o apoio social
A ação coletiva pode ser uma ferramenta poderosa para enfrentar a ansiedade ambiental. Trabalhar em equipa em projetos ambientais, criar espaços de partilha e debate, e incentivar o envolvimento com comunidades locais ajuda a construir um sentimento de pertença com benefícios reais e palpáveis.
7. Estimular a ligação positiva com a natureza e estar ativo
Praticar exercício físico de forma regular pode ajudar a reduzir os níveis de ansiedade e stress. O contacto com a natureza traz benefícios para a saúde mental. Atividades ao ar livre, como caminhadas, andar de bicicleta, observação de aves ou jardinagem, ajudam a reduzir a ansiedade e fortalecem a ligação com o meio ambiente.
8. Integrar o bem-estar emocional na educação ambiental e partilhar as suas preocupações
Estratégias como mindfulness, discussões abertas sobre emoções e o desenvolvimento da resiliência emocional são fundamentais para ajudar a processar a informação ambiental.
Criar um ambiente seguro para expressar medos e preocupações também é essencial. Falar com amigos, familiares ou até um profissional de saúde mental.

Figura 1. Uma educação ambiental equilibrada inspira ação e esperança, sem medo ou ansiedade. Fonte: Escolas Pelo Planeta, 2022.
Concluindo…
Para que a educação ambiental seja verdadeiramente eficaz, é fundamental equilibrar a sensibilização com uma abordagem construtiva e inspiradora. Professores e educadores desempenham um papel essencial ao fornecer conhecimentos e ferramentas que incentivem o pensamento crítico e a ação proativa, em vez de gerar sentimentos de impotência ou ansiedade.
Ao adotar estratégias pedagógicas que reforcem a resiliência e o envolvimento ativo, criamos uma geração de cidadãos informados, capacitados e preparados para enfrentar os desafios ambientais com confiança, criatividade e um sentido de responsabilidade coletiva.
Referências
Education Week. (2023). How to teach students about climate change without giving them eco-anxiety. Education Week. URL : https://www.edweek.org/teaching-learning/opinion-how-to-teach-students-about-climate-change-without-giving-them-eco-anxiety/2023/06 [Acedido em fevereiro de 2025]
Cambridge University Press. (2023). How to deal with eco-anxiety in your classroom. Cambridge University Press. URL: https://www.cambridge.org/elt/blog/2023/01/26/how-to-deal-with-eco-anxiety-in-your-classroom/ [Acedido em fevereiro de 2025]
Essência do Ambiente. (2025). Educação ambiental: Preparar o futuro para uma geração ansiosa? Essência do Ambiente. URL: https://essenciadoambiente.pt/educacao-ambiental-preparar-futuro-geracao-ansiosa/ [Acedido em fevereiro de 2025]