
Alimentação sustentável
Hoje, começámos com uma questão: afinal, o que significa ter uma alimentação sustentável? Ser vegetariano ou vegan? Consumir de tudo independentemente da sua origem e forma de produção?
Comecemos por analisar o impacte ambiental associado!
Alimentos e Impacte Ambiental
Os processos necessários para a produção de alimentos são causadores de impactes ambientais negativos, sendo responsáveis por parte da Pegada Ecológica, Pegada Hídrica e Pegada de Carbono de cada indivíduo. A desflorestação, o consumo de recursos hídricos, a perda de biodiversidade, o consumo de energia e a produção de GEE estão entre as principais consequências ambientais relacionadas diretamente com a alimentação. No entanto, as externalidades relacionadas com a temática da alimentação nem sempre são entendias pelo ser humano.
O impacte ambiental de um alimento resulta da soma dos vários impactes ao longo do sistema alimentar, desde a sua produção até ao seu consumo. O custo ambiental de um alimento varia, então, com o seu modo de produção, modo e tempo de conservação, tipo e número de embalagens, tipo de transporte e a distância entre o produtor e o consumidor.
Por exemplo, a produção de alimentos de origem animal é responsável por um uso superior de recursos, como água e solo, assim como por emissões de GEE superiores, quando comparados aos alimentos de origem vegetal. De entre os vários alimentos, a carne (principalmente a vermelha) e os laticínios são os que requerem mais água para a sua produção e emitem mais GEE.

Alimentação Sustentável
Segundo a Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO, 2015) uma alimentação sustentável apresenta um baixo impacte ambiental, promove um estilo de vida saudável, a segurança alimentar e nutricional salvaguardando as gerações presentes e futuras. Além disso, deve ser culturalmente aceite, acessível, segura, economicamente justa, proteger e respeitar a biodiversidade e os ecossistemas, assim como otimizar os recursos naturais e humanos disponíveis.
Como exemplo de um padrão alimentar sustentável surge a Alimentação Mediterrânea, que, na sua origem, privilegiava uma elevada ingestão de alimentos de origem vegetal, frescos, sazonais e pouco processados (hortícolas, frutas e leguminosas), a ingestão moderada de produtos lácteos e a ingestão preferencial de pescado ou carnes brancas.
Uma redução no consumo de carne é destacada como a principal estratégia para contribuir para a prática de uma alimentação mais sustentável, com um contributo significativo para a redução das emissões globais de GEE.
Pequenas mudanças, grandes contributos…
É claro que os hábitos alimentares são um fator importante no impacte que a alimentação tem nos ecossistemas, pelo que é necessário informar e educar a população para as consequências das suas escolhas.
Pequenos passos podem contribuir para uma alimentação mais sustentável. As recomendações da FAO e da ANP para uma alimentação mais sustentável estão sintetizadas aqui:
- Respeitar a natureza e proteger os seus recursos. Alimentos com qualidade nutricional requerem o equilíbrio entre o Homem e a Terra.
- Valorizar os alimentos por inteiro: comprar a produtores locais, a redes de produtores da região, em feiras ou mercados, sempre que possível;
- Preferir alimentos frescos, da época e provenientes de comércio justo;
- Praticar uma alimentação mediterrânica, optando pela elevada ingestão de alimentos de origem vegetal, frescos, sazonais e pouco processados (hortícolas, frutas e leguminosas), com uma ingestão moderada de alimentos de origem animal;
- Repensar, Reduzir, Reutilizar e Reciclar.
Respondendo à pergunta inicial… não há respostas certas. Há, apenas, fazer escolhas conscientes, adaptadas à rotina de cada um, tendo em conta que a disponibilidade de alimentos não é a mesma ao longo de todos os pontos do globo, também o conceito de “alimentação mais sustentável” variará.
Fontes:
Associação Portuguesa de Nutrição. Alimentar o futuro: uma reflexão sobre sustentabilidade alimentar. E-book n.° 43. Porto: Associação Portuguesa de Nutrição
Oliveira, L. (2014). Alimentação Sustentável e Ambiente. Seminário Agricultura e Ambiente. Universidade dos Açores
Bailey, R. (2011). Growing a better future. Oxfam International. Oxford; 2011 [acesso a 2021/05/25]. Disponível em: https://www.oxfam. org/sites/www.oxfam.org/files/growing-a-better-future-010611-en.pdf.