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    Sustentabilidade e o comportamento dos consumidores

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    Sustentabilidade e o comportamento dos consumidores

    A forma como compramos e consumimos mudou drasticamente nos últimos 10 anos. A pandemia de COVID-19 acelerou esta mudança em algumas áreas e levou ao retrocesso de velhos hábitos em outras.

    Sustentabilidade e tendências de consumo

    A pandemia já é vista como um acelerador de grandes mudanças na estratégia comercial das marcas a nível global e o agente de transformação de mentalidades, trazendo mais consciência para questões como o consumo e a sustentabilidade.

    Seguindo esta premissa e de acordo com o estudo ”Shifting sands: Are consumers still embracing sustainability?” (Deloitte, 2021) que explora as mudanças de comportamento dos consumidores do Reino Unido relativamente à influência da sustentabilidade, as tendências de consumo em 2021 revelam que a sustentabilidade é um fator fundamental e crescente com 32% dos consumidores empenhados em adotar um estilo de vida mais sustentável.

    Neste estudo foram realizados dois inquéritos: um em 2020, antes do confinamento geral devido à pandemia, e o outro em março de 2021. Como seria previsível, algumas das tendências do ano aceleraram, enquanto outras abrandaram.

    Nos dois inquéritos “evitar plásticos descartáveis” é a forma mais comum de os consumidores demonstrarem o seu compromisso com a sustentabilidade, com 61% a afirmar que reduziram a quantidade de plásticos descartáveis que utilizam. A compra de produtos sazonais (49%) e a compra de produtos locais (45%) são os comportamentos adotados que completam o pódio com o segundo e o terceiro lugar, respetivamente.

    Figura 1. Formas mais comuns de os consumidores demonstrarem o seu compromisso com a sustentabilidade (Deloitte, 2021)

    As compras essenciais (alimentação, produtos para casa, produtos de beleza e cuidado pessoal, roupa e calçado) são as que despertam maior interesse nos consumidores para comprar de forma mais sustentável e onde estes investem os seus esforços, quer através da limitação do uso de plásticos, quer na escolha de marcas/produtos com práticas e valores éticos e ambientalmente sustentáveis, entre outros. A aquisição de álcool e tabaco, saídas noturnas, férias e compra de carros são as áreas que apresentam menos interesse.

    Embora um pouco abaixo dos resultados obtidos no inquérito de 2020, as questões éticas e de sustentabilidade continuam a ser um fator-chave para quase um terço dos consumidores, que afirmam ter quebrado laços com algumas marcas que não apresentam valores/práticas éticas, responsáveis e sustentáveis.

    Nos últimos 12 meses, os valores das marcas mostraram-se particularmente significativos na decisão de comprar de forma mais sustentável. A redução de resíduos (68%) ou a adoção de embalagens mais sustentáveis apresentam uma elevada importância (69%) nas compras de supermercado e a redução da pegada de carbono também é muito valorizada (48%) quando se trata de comprar grandes eletrodomésticos. Cerca de dois terços dos clientes têm em atenção as práticas de trabalho e questões relacionadas com os direitos humanos quando compram roupa e calçado.

    De uma forma transversal, a conservação da biodiversidade, dos recursos hídricos e de outros recursos naturais também são valorizados por mais de um terço dos consumidores.

    Figura 2. Valores e/ou práticas das marcas que os consumidores mais valorizam (Deloitte, 2021)

    Neste sentido, é, atualmente, quase impossível considerar a compra como um ato neutro. Os consumidores estão cada vez mais atentos e exigentes face ao comportamento das marcas. De acordo com o 2021 Edelman Trust Borometer Special Report Trust: the New Brand Equity, os consumidores esperam cada mais das marcas quanto à participação das mesmas na construção de uma sociedade melhor. Estes escolhem a confiança em detrimento do amor pelas marcas e estão mais cientes do seu poder de persuasão para converterem as empresas em agentes de mudança social. O estudo revela, ainda, que os consumidores consideram que as marcas são culturalmente relevantes se refletiram valores sociais (38%), se responderem a uma nova necessidade social (33%) ou se melhorarem as interações sociais (32%).

    Segundo dados recentes do EY Future Consumer Index, 51% dos consumidores estão dispostos a alterarem os seus comportamentos, mas 68% esperam que sejam as empresas e as organizações a liderarem esse caminho. Cerca de 73% dos inquiridos acredita que as marcas têm a responsabilidade de impactar positivamente o mundo e 80% acredita que as marcas têm de ser transparentes quanto aos impactos ambientais das suas cadeias de valor.

    Principais barreiras para um estilo de vida mais sustentável

    De uma forma geral, a falta de interesse (22%) continua a ser a principal barreira para a adoção de um estilo de vida sustentável, principalmente na questão da redução do consumo de produtos de origem animal (42%) e na redução da quantidade de novos produtos que compram (27%), seguido pela perceção da despesa acrescida de ter uma vida mais sustentável (16%) e problemas de acesso a informações relevantes (15%).

    Figura 3. Principais barreiras para um estilo de vida mais sustentável (Deloitte, 2021)

    A situação em Portugal

    A COVID-19 teve um impacte sem precedentes nos critérios de compra do consumidor português e, apesar de não ser uma tendência atual, no último ano assistimos a um aumento significativo de atitudes e comportamentos mais sustentáveis.

    Em plena pandemia, e condicionados por inúmeras restrições, as nossas rotinas alteraram-se e tornamo-nos mais conscientes quanto à forma como compramos, consumimos e descartamos os itens de uso diário. A possível correlação entre o desequilíbrio existente na relação entre seres humanos e meio ambiente e o contexto sanitário atual, soou como um alarme e parecer ter despertado o sentido de responsabilidade.

    De acordo com o EY Future Consumer Index, de outubro 2020, os consumidores portugueses estão dispostos a pagar mais por:

    1. Produtos locais (46%);
    2. Produtos sustentáveis (42%);
    3. Saúde e bem-estar (40%).

    Relativamente às preferências reveladas, a qualidade do produto (63%) e a sustentabilidade do produto (37%) são consideradas as mais importantes. Nas questões relacionadas com a sustentabilidade os inquiridos indicam:

    • 60% vai estar mais atento às questões ambientais;
    • 42 % está disposto a pagar um valor adicional por produtos e serviços sustentáveis;
    • 34% está disposto a pagar um valor adicional pelas marcas que contribuem para a comunidade; e
    • 77% está mais propenso a comprar marcas que revelam o impacte que os produtos têm sobre eles e o planeta.

    Podemos concluir que, para além da aceleração da transformação digital, a pandemia também contribuiu para acelerar a mudança de consciência de consumo trazendo alguma reflexão para o momento de tomada de decisão de compra. É possível que estejamos perante o início de um movimento futuro focado na diminuição do desperdício alimentar, na maior consciencialização sobre a qualidade dos produtos adquiridos, no incentivo ao comércio local e na sustentabilidade no consumo e produção dos bens adquiridos.

    Fontes:

    Deloitte LLP (2020). Shifting sands: The rise of consumer sustainability. Designed and produced by 368 at Deloitte. J19170. January 2020, London: United Kingdom

    Deloitte LLP (2021). Shifting sands: Are consumers still embracing sustainability?. Designed and produced by 368 at Deloitte. J19170. January 2020, London: United Kingdom

    Deloitte LLP (2021). Shifting sands: The changing consumer landscape. Designed and produced by 368 at Deloitte. J19170. January 2020, London: United Kingdom

    Edelman (2021). 2021 Edelman Trust Borometer Special Report Trust: the New Brand Equity

    EY (2020). EY Future Consumer Index. Designed and produced by Ernst & Young, S.A. October 2020, London: United Kingdom

    Rego, S. (2021). De passivo a ativo: o papel do consumidor na transformação do modelo económico. Portugal: Desafios para 202, 2ªedição.